SindRio publica relatório sobre emprego em restaurantes do Rio

Em entrevista ao Fórum de Desenvolvimento, Mauro Osório, presidente da entidade, fala sobre os números levantados e aponta caminhos para aquecer a geração de postos de trabalho no setor. Para ele, preservar os espaços públicos de lazer é uma questão de explorar uma vocação natural da cidade

O Sindicato de Hotéis, Bares e Restaurantes da cidade do Rio de Janeiro (SindRio) acaba de publicar uma pesquisa sobre o perfil do emprego e da ocupação no setor de restaurantes e estabelecimentos semelhantes no município nos últimos dez anos.

O Fórum de Desenvolvimento Estratégico do Estado do Rio conversou com Mauro Osório, presidente da entidade, sobre como os números devem ser lidos e sobre o que o poder público pode fazer para aquecer o setor.

Qual a avaliação geral que o SindRio faz dessa pesquisa?

O nosso diagnóstico é de que os últimos dez anos não foram bons, mas ao mesmo tempo nós enxergamos que o potencial da cidade é muito grande.

E o que é preciso fazer para tornar esse potencial uma realidade?

É preciso estruturar politicas públicas. Um dos dados mais interessantes da pesquisa é que, proporcionalmente e comparado a outras capitais, o emprego em bares e restaturantes no Rio é muito maior. O carioca gosta do espaço público, dos locais de encontro e circulação de pessoas. Mas a verdade é que a violência tem tirado as pessoas do espaço público que elas tanto prezam. Nós apoiamos a política atual do governo do estado, nós a consideramos fundamental.

A segurança pública é o principal fator em jogo?

Não é o único, mas certamente é o principal. E isso fica evidente com alguns dados curiosos. O Rio cresceu em relação às 11 capitais mais importantes, mas o que puxa os números do Rio para baixo são os microestabelecimentos legalizados, que têm de zero a nove empregados. Ou seja: os estabelecimentos em beira de rua. Os shopping centers estão bem, mas aqueles que dependem de circulação na rua estão mal.

Mas essa não é uma vocação carioca?

Certamete, e por isso é preciso tomar providências. O charme do Rio é a convivência, as áreas públicas, os espaços de encontro. O maior exemplo disso é o réveillon de Copacabana, que é único no mundo. O Rio temuma vocação enrome para a cultura, o entretenimento, o esporte. E para isso é preciso pensar a cidade em suas diversas regiões, como um todo.

E além da segurança pública, o que é preciso fazer?

Há muitas coisas para discutir e conversar. Por exemplo: avançar na despoluição da Baía de Guanabara. Outra coisa: investir no transporte de massa na região metropolitana. Tudo isso transformaria o Rio numa cidade mais aprazível, e isso traz crescimento para o setor. Os restaurantes crescem nas cidades com mais planejamento, como Curitiba e Vitória. É preciso pensar na estrutra da cidade como um todo, investir num plano piloto para a terceira idade, melhorar as condições de acesso para os deficientes. Tudo isso ajuda a melhorar a imagem da cidade internamente e também no exterior. E uma última coisa fundamental: se a gente conseguir as Olimpíadas, isso vai ser excelente. As pesquisas mostram que, nas cidades que sediaram jogos olímpicos, os ganhos em turismo foram enormes, as cidades mudaram de patamar. É um investimento que traz muito retorno.