04/11/2025
“A emergência climática já é uma crise climática”, observou o presidente do Instituto de Pesquisas Jardim Botânico do Rio de Janeiro, Sérgio Besserman, na abertura do painel “Reflexões Pré-COP: Como o Rio de Janeiro pode contribuir com a pauta da sustentabilidade?”. O encontro, realizado na última terça-feira, dia 04 de novembro, pela Câmara Setorial de Desenvolvimento Sustentável, teve como objetivo discutir como o estado do Rio de Janeiro pode fazer parte da solução diante dos efeitos do aquecimento global.
Às vésperas da segunda Conferência das Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas sediada no Brasil, a COP 30, as atenções do mundo estão voltadas para as grandes negociações globais. No entanto, a Câmara Setorial de Desenvolvimento Sustentável, do Fórum Permanente da Alerj, propôs discutir os impactos locais e como o estado poderia atuar para integrar os pilares econômico, social e ambiental do desenvolvimento sustentável.
Na ocasião, Besserman apontou que o tão temido limite do aquecimento em 1,5 °C já foi considerado inevitável pela ONU, assim como as catástrofes em decorrência do aumento da temperatura. Ele apontou que, no Brasil, as principais fontes de emissão de gases responsáveis pelo efeito estufa são o desmatamento, o uso do solo e a matriz energética.
Entre as ações para a transição para uma economia de baixo carbono, o também professor da PUC aposta na eletrificação para o transporte individual, mas somente se a geração for meio de energia elétrica renovável; e no investimento em biocombustíveis, que pode ser considerado uma grande oportunidade para o país, além de essenciais para o transporte de carga no Brasil.
“O transporte urbano nós temos que avançar rapidamente para um transporte coletivo e eficiente que atenda adequadamente a população e que seja de fonte renovável. Essa, sim, poderá haver variações”, ressaltou Besserman.
Outro ponto levantado foi a insegurança hídrica vivida pela região metropolitana do estado do Rio de Janeiro, tendo em vista que a maior parte da população depende de uma única fonte de água, o Rio Paraíba do Sul.
“Para mim existem duas etapas. Numa primeira, é maximizar tudo que a gente pode fazer e que a gente já sabe, que é reduzir o desperdício. (...) As crises hídricas que tivemos demonstraram isso com muita facilidade. Em um primeiro momento, reduzir perdas, reativar pequenos reservatórios, aumentar a eficiência do uso e fazer o reúso. Em segundo momento, começar a pensar, mas fazendo muita conta, em usinas de dessalinização”, sugeriu.
O presidente do Instituto de Pesquisas Jardim Botânico do Rio de Janeiro falou ainda sobre os maiores “pontos de não retorno” mapeados, já que existem 26, são eles: o desmatamento da Amazônia, que já está em 18%, não podendo ultrapassar a marca de 23%; o colapso dos mantos de gelo da Groenlândia e na Antártida; o enfraquecimento dos jatos de vento da América do Norte; o descongelamento do solo da Sibéria; e perturbação das correntes oceânicas.
“Os corais onde eles estão ‘já era’ e, portanto, todos os oceanos do planeta estão condenados a mudar. Vamos ter que tentar salvar o máximo de coral que puder, a espécie exótica é a segunda causa de extinção das espécies, vamos ter que fazer migração ambiental. E esses pontos de inflexão existem em todo o planeta, e cada vez que um é rompido provoca um impacto em todos os outros”, alertou Besserman.