Educação é apontada como principal ferramenta na promoção de mudanças socioeconômicas no estado

“Não podemos envelhecer antes de enriquecermos, e para que isso não aconteça, precisamos olhar para os indicadores sociais”. A afirmação foi feita por João Gomes, economista-chefe da Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado do Rio de Janeiro (Fecomércio) durante a apresentação da publicação Rio em Números, elaborada pela entidade com o Instituto Fecomércio RJ de Pesquisas e Análises (IFec), e lançada nesta quarta (27/02), no Plenário da Alerj. O estudo traz uma análise de dados socioeconômicos fluminenses com o intuito de embasar a tomada de decisões e contribuir na elaboração de políticas públicas que impactam no desenvolvimento sustentável do estado.

“O primeiro passo para solucionar um problema é conhecê-lo. São diversos os desafios e transformações que queremos para o Rio de Janeiro, mas acreditamos na educação como principal ferramenta de mudança”, destacou Antonio Florencio, presidente da Fecomércio RJ.

Segundo ele, o compartilhamento dos dados fortalece a parceria com a sociedade e municia os poderes Executivo e Legislativo com informações que podem subsidiar ações sólidas, que promovam o desenvolvimento econômico, aproveitando as potencialidades locais e melhorando efetivamente a qualidade de vida da população. Os setores de comércio, serviços e turismo representam cerca de 70% do PIB do estado, e atuam como indutores no processo de recuperação do crescimento econômico e social.

O documento aborda sete áreas importantes como pobreza e desigualdade social; mercado de trabalho; educação; saúde; segurança pública; juventude e políticas urbanas na Região Metropolitana do Rio de Janeiro (RMRJ). Nele foram destacados os potenciais e os cenários futuros para a melhoria do ambiente de negócios fluminense. O aumento da empregabilidade e da renda da população, além da melhora da educação, incluindo um novo olhar para as novas competências profissionais exigidas pelo mercado, foram classificados como fundamentais para o desenvolvimento econômico e futuro do estado

“Os dados são chocantes, mas apresentam uma grande oportunidade para avançarmos em decisões pautadas em números e não em achismos”, afirmou João Gomes.

Apesar de ser a segunda maior economia do país, o Rio de Janeiro apresenta uma enorme desigualdade em seu PIB, onde a renda dos mais ricos é 56 vezes maior do que a renda dos mais pobres. Os dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad-C) apontam que 83% da população vive com menos de dois salários mínimos. Sendo que 2,5% vivem na extrema pobreza (renda familiar mensal inferior a R$154,62). Assim como em todo Brasil, a pobreza fluminense é feminina, preta e parda e 56% dos domicílios do estado chefiados por essas mulheres se encontram abaixo da linha de pobreza. 

Políticas para enfrentar a desigualdade são fundamentais para acelerar a diminuição da pobreza. “O crescimento é absolutamente necessário, mas não suficiente para combater a pobreza. Os recursos públicos são escassos, é preciso encontrar soluções em parceria com o setor privado para combater com efetividade a pobreza e a desigualdade”, explicou o economista. A solução passa pela qualificação, pela atenção às pessoas e pelo emprego formal que devem nortear as políticas sociais.

Jovens e a Educação

Os jovens requerem uma atenção especial. Aproximadamente metade das pessoas com 15 anos ou mais não completou o Ensino Médio – sendo que 23,3% têm Ensino Fundamental incompleto. Aqueles que nem estudam, nem trabalham correspondem a 21% dos jovens da Região Metropolitana, com idades de 15 a 19 anos. Destes, 70% são mulheres, 40% já têm filhos. A gravidez precoce é um dos determinantes de ociosidade, contribuindo para perpetuar a cadeia de pobreza da família. Os jovens também são as maiores vítimas de homicídio no estado, sendo a nona Unidade da Federação do país que mais viu jovens morrer. A taxa de homicídios de jovens entre 15 e 29 anos, no estado, em 2016, era de 87,7 por 100 mil habitantes, bastante superior à média nacional de 65,5 jovens mortos por grupo de 100 mil.

Essencial para minimizar a desigualdade de oportunidades e necessária para aumentar a produtividade do trabalho, a educação esbarra no problema da baixa qualidade, não preparando os jovens para o novo mundo do trabalho, que requer pessoas inovadoras, criativas e capazes de solucionar problemas. “Sem educação e qualificação não vamos aumentar a produtividade, não vamos ganhar renda e nem vamos crescer. A educação é a chave com o viés social e educacional e andam de mãos dadas”, disse João Gomes que ressaltou também o envelhecimento da população fluminense que aumenta a demanda e custos do sistema de saúde e da previdência, lembrando que a crise fiscal e a “Lei do Teto dos Gastos” impõem o aumento da eficiência e qualidade da oferta de serviços de saúde. Até 2030, os idosos corresponderão a 16,2% da população fluminense.

Segurança Pública

Já a segurança pública, foi apontada como um ponto nefrálgico para a atração de investimentos e na consolidação de um ambiente de negócios robusto. Foram encontradas correlações entre o total de homicídios e a presença de visitantes estrangeiros. Estima-se que o aumento de 1% na taxa de crimes violentos/mês acarreta em uma redução média de 0,5% - 0,6% turistas estrangeiros/mês no estado do Rio de Janeiro.

“Para o Parlamento e para a gestão pública de maneira geral, ter acesso a dados e informações permite que possamos basear nossos projetos e programas em uma evidência da realidade, bem como projetar metas e resultados que podem ser aferidos e controlados ao longo do tempo, de forma que possamos avaliar se o que desenhamos de fato responde ao nosso objetivo inicial, deve ser ponto de partida para a ação. E poder contar com o Instituto para lançar luzes sobre temas tão importantes para o desenvolvimento do Estado, como segurança pública, mercado de trabalho, educação, juventude, políticas urbanas, pobreza, desigualdade social e saúde, certamente traz mais qualidades ao que podemos propor pelo Poder Legislativo ao Estado", disse o presidente da Casa, deputado André Ceciliano.

Leia a transcrição completa do evento.

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Veja a apresentação de João Gomes.

Assista a matéria da TV Alerj.

Veja também a matéria produzida pela equipe da Subdiretoria-geral de Comunicação Social da Alerj (Por Leon de Lucius). 

Ouça a matéria da Rádio Alerj.

Imagens: Rafael Wallace