Políticas de educação inclusiva voltadas para o mercado de trabalho são debatidas no Fórum

De acordo com o último Censo Demográfico do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o Brasil possui 45,6 milhões de pessoas com deficiência, o que corresponde a cerca de 24% da população. Porém, menos de 1% está inserido no mercado de trabalho. Os desafios da educação inclusiva na formação profissional foram debatidos nesta sexta (29/06) na Câmara de Formação Profissional e Educação Tecnológica.

No encontro, especialistas ressaltaram a necessidade de romper paradigmas para que as pessoas com deficiência tenham seus potenciais desenvolvidos. Para eles, existe uma baixa expectativa do rendimento acadêmico destes alunos também refletida no mercado de trabalho.

“As pessoas com deficiência precisam ter acesso às oportunidades educacionais em que desenvolvam suas habilidades para o mercado de trabalho aliadas ao conhecimento acadêmico”, afirmou a professora da faculdade e do programa de pós-graduação da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj), Annie Redig.

De acordo com Annie, é preciso criar novas estratégias de inclusão laboral, como a customização do emprego.

“No conceito de customização do trabalho as demandas da empresa são adequadas ao perfil do funcionário e ambos ganham com esse processo. A pessoa com deficiência passa a ter um trabalho que ela é capaz de exercer, conforme suas habilidades e interesses atendendo uma necessidade da empresa e liberando os funcionários para focarem em outras funções”, explicou Annie que apresentou casos de sucesso na customização do trabalho realizados dentro da Uerj.

A Fundação de Apoio à Escola Técnica (Faetec) tem uma política de educação inclusiva no ensino técnico visando à preparação das pessoas com deficiência ao mercado de trabalho, com 5% das vagas reservadas para esse público. Além disso, possui um espaço de educação especial no campus de Quintino, com uma escola voltada para a formação profissional adaptada de alunos com deficiência intelectual.

“Na Faetec o aluno tem atendimento educacional especializado, com o suporte da sala de recursos multifuncional e com professores de educação especial em todas as escolas para que a gente tente fazer com que essa formação seja adequada”, contou a diretora da Divisão de Diversidade e Inclusão Educacional da Faetec, Cristina Mascaro.

Porém, nem todas as vagas oferecidas são preenchidas. “Acabamos não cumprindo toda a cota e lamentamos por isso. A chamada pública tem um papel muito importante para a divulgação, assim como o diálogo e conscientização de outras instituições da esfera de ensino para que os alunos que estejam finalizando o ensino da rede pública sejam orientados a participar do processo seletivo da Rede Faetec”, disse.

A Câmara de Formação Profissional e Educação Tecnológica voltará a debater o tema da educação inclusiva na formação profissional no início de agosto.

“A ideia agora é trazer outros atores que lidam com essas questões e desafios na prática. Vamos convidar as instituições do Sistema S, assim como empresas que já trabalham a questão da inclusão para que elas abordem as dificuldades de se recrutar esses profissionais. Vamos chamar também o Centro de Integração Empresa-Escola (CIEE), que faz parte do Fórum e é uma instituição de intermediação, para que eles falem como esse assunto desafia a atuação deles”, concluiu a secretária-geral do Fórum de Desenvolvimento do Rio, Geiza Rocha.