Fórum Permanente de Desenvolvimento discute desafios para 2017

A economia do estado não está parada, mas se encontra numa megadepressão. Essa foi a constatação feita pelo professor Istvan Kasznar, da Escola Brasileira de Administração Pública e de Empresas da Fundação Getúlio Vargas (FGV/Ebape), durante a reunião geral do Fórum de Desenvolvimento do Rio realizada nesta quarta-feira (15/02), no auditório da Escola do Legislativo. “Nesse momento, temos de aprender rapidamente a desentupir as artérias do Rio de Janeiro. Precisamos ser realistas sobre o que se possa fazer, elaborando e acreditando nas contribuições do poder Legislativo que é tão vital para o estado do Rio de Janeiro. Sugiro o ato de se pensar em formas que permitam que a engenharia retome imediatamente as suas obras. Precisamos que os sistemas de logística de transporte sejam otimizados com características práticas de ação. O que está faltando aqui também é a capacitação para suplantar com qualidade outros estados”, afirmou.

Outra proposta levantada por Istvan foi a revisão das finanças do estado. “Com o segundo maior PIB do Brasil, o Rio tem sido um contribuinte líquido positivo de mais de R$ 102 bilhões a favor da União nos últimos 10 anos. Agora, quando ele tem uma megacrise, ele não recebe. Quanto mais rápido as questões vierem a ser resolvidas, mais rápido poderemos ver a retomada do estado. É isso que está faltando aqui: energia positiva, através também desse Fórum tão importante para colocar às claras na mão de diversas autoridades do nível federal, estadual e municipal que, sem um mutirão avançado de ação e sem propostas extremamente realistas nós não iremos avançar - e continuaremos afundando”.

No encontro, que já se tornou tradição, os membros das câmaras setoriais e presidentes de entidades que compõem o Fórum conheceram os resultados de 2016 e apontaram os desafios para o ano que se inicia. A definição das prioridades e o mapeamento de oportunidades baseadas na diversidade e nas vocações do estado estiveram em debate, pautando os grupos de discussão e definindo os temas que serão foco do trabalho a ser desenvolvido este ano.

O presidente da Associação das Empresas de Engenharia do Rio de Janeiro (AEERJ), Luiz Fernando Reis, destacou a ausência de obras e o alto índice de desemprego dos trabalhadores da construção civil. Ele também fez um apelo para que a ALERJ apoiasse a instituição na mobilização das prefeituras em torno da promoção das parcerias público-privadas nos municípios fluminenses, como uma alternativa à crise. "Estamos falando de obras que vão gerar empregos e beneficiar pequenas e médias empresas de engenharia, que viram seus contratos minguarem com a crise econômica. Já mapeamos as oportunidades e estamos nos aproximando de forma proativa. Nosso interesse é na manutenção das empresas", explicou Reis.

Já o presidente da Anpei (Associação Nacional de Pesquisa e Desenvolvimento de Empresas Inovadoras), Raimar Van Den Bylaardt, chamou a atenção para a importância da ciência e da tecnologia para o desenvolvimento do estado. "Não basta apenas propor e aprovar, por exemplo, a lei de inovação, e não acompanhar esses trabalhos. A classe trabalhadora no setor é enfraquecida porque depende de verba estadual e federal. O Rio tem uma grande concentração de instituições e isso é fator de cultura, ensino e desenvolvimento. A falta de bolsas de estudos e verba de pesquisas faz com que os pesquisadores vão embora. O Fórum poderia trabalhar para garantir aquilo que já foi conquistado", propôs Raimar.

Outro assunto trazido para o debate foi o aumento no roubo de cargas transportadas no Rio. O diretor da Fetranscarga (Federação do Transporte de Cargas do Estado do Rio de Janeiro) Eduardo Rebuzzi, criticou a falta de segurança pública nas rotas dentro do estado. "O Rio de Janeiro se tornou, este ano, o estado com mais roubos de carga e vive uma situação de total falta de controle nesse aspecto. Todo tipo de produto é roubado, e acaba voltando ao comércio. Para combater isso é preciso atuação da polícia nas áreas de investigação e repressão, mas também agravar as penas pra quem rouba, e criar penas para quem recebe esse produto de forma ilegal", explica Rebuzzi.

Eduardo também citou o projeto de lei 499/15, do deputado Paulo Ramos, que cria um sistema estadual de prevenção, fiscalização e repressão ao roubo de cargas no estado, mas afirma que a norma não é ideal e sugere que sejam feitas emendas para que de fato esse sistema funcione. "Em qualquer atividade comercial que sejam identificados no estoque produtos que não tenham origem fiscal, ou que seja comprovada a origem de roubo, o estabelecimento tem que ser lacrado. Caso não se comprove a origem legal dos produtos, nunca mais deve reabrir. Tem que penalizar também o CPF de quem faz isso, e retirar da atividade comercial", defendeu.

Além dos desafios para 2017, a subdiretora-geral do Fórum, Geiza Rocha, também apresentou o resultado dos debates e eventos realizados em 2016.  "O mais importante de 2016 foi ter as entidades caminhando muito próximas e subsidiando o parlamento de informações, e de sugestões sobre o que precisa ser feito nesse momento de crise que o estado atravessa. E esse é também o maior desafio deste ano, manter todos conectados e tentar identificar as oportunidades para que o Rio retome o seu caminho", afirmou.

O deputado Wanderson Nogueira (Psol) participou do encontro.


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Foto: Tiago Lontra