Projetos socioculturais nas comunidades podem ajudar jovens a desenvolverem competências e ter novas perspectivas de vida

O encarceramento não é solução para a promoção de justiça. Ter conhecimento do funcionamento do sistema judiciário, com aulas de cidadania, ética e direito na educação básica, além da garantia de educação, cultura e lazer são algumas medidas para a proteção da juventude sugeridas nesta quarta-feira (17/08), pelos jovens, no quinto encontro para a criação da Plataforma Juventude Segura, no auditório da Biblioteca Parque, no Centro.

Durante o evento, os eles realizaram uma dinâmica com encenações relacionadas às suas experiências pessoais. Foram apresentadas situações sobre a função do sistema socioeducativo, os impactos do sistema judicial em suas vidas e a necessidade de políticas de prevenção para o grupo.

Na abertura do tema Juventude e Sistema Judicial estavam presentes a doutora Raquel Chrispino, coordenadora da Coordenadoria Judiciária de Articulações das Varas de Infância, Juventude e Idoso (CEVIJ), o diretor geral do Departamento Geral de Ações Socioeducativas (DEGASE), Alexandre Azevedo, e o interno do DEGASE e morador de São Gonçalo, J.

“O sistema de Justiça não compete apenas ao Poder Judiciário, mas inclui os demais poderes. Várias instituições se conectam para prestar o que chamamos de justiça”, explicou Chrispino.

Azevedo afirmou que a prisão não é um método eficiente para resolver os problemas sociais: “O cárcere não é algo positivo para a sociedade. Isso tem reflexo nefasto quando se fala de adolescente. Ele precisa de cultura, de esporte, de lazer, de políticas que o levem a fazer outros projetos de vida”.

Também convidados para participação no diálogo, os internos do DEGASE destacaram a importância da presença dos pais e do afeto na superação de seu passado para buscar novas perspectivas ao deixarem o lugar.

“Meu sonho é fazer Direito e ajudar a minha família, quando eu sair”, disse a interna M de 18 anos.

Para o morador de Manguinhos de 19 anos, Bruno Lima, a conversa o ajudou a compreender os desafios enfrentados por quem foi encarcerado:

“Acho importante ouvirmos um ponto de vista diferente. Vemos de fora para dentro e não o contrário. Depois que esses detentos ganham a liberdade, os estereótipos e exigências dificultam a sua reintegração na sociedade”,

A Plataforma é uma iniciativa da secretaria de estado de Segurança Pública, articulada com as secretarias de esporte, lazer e juventude, e de cultura, ONGs e o Unicef.  O objetivo é contribuir para a construção e consolidação dos direitos de crianças e adolescentes, através da mobilização e articulação de diferentes segmentos governamentais e da sociedade.

O próximo debate está marcado para a próxima quarta-feira, 24/08, na Biblioteca Parque, no Centro, às 14h.