Governo estuda linha de crédito para renovar frota de táxis

Para alavancar o setor automotivo no Sul Fluminense, o governador Luiz Fernando Pezão estuda abrir uma linha de crédito para renovar as frotas de táxi do Estado para as Olimpíadas de 2016. A medida foi apresentada durante reunião do Fórum Permanente de Desenvolvimento Estratégico do Estado, na Assembléia Legislativa do Rio (Alerj), nesta terça-feira (08/09), com representantes de montadoras, cadeia de fornecedores, sindicatos e federações da indústria e do transporte. 

A região, que abriga o segundo maior polo automotivo do país - mais de 20 empresas, entre montadoras e fornecedores -, perdeu três mil postos de trabalho nos últimos dois anos. Dos 12 mil empregos locais, apenas 70% estão ativos.

No evento, o governador apresentou outras medidas para fomentar a indústria local. "Podemos comprar novos ônibus escolares e isentar impostos para garantir mais empregos. Também temos que aprimorar a infraestrutura local para melhorar a logística das empresas. A pista de descida da Serra das Araras deve ser duplicada e estamos estudando a criação de uma terceira pista na Via Dutra, entre os municípios de Quatis e Itatiaia."

A reunião foi conduzida pelo presidente da Alerj e do Fórum, deputado Jorge Picciani (PMDB). Ele lembrou que o parlamento vai intermediar a discussão. "A Alerj trabalha na articulação entre o setor produtivo, os órgãos de fomento e financiamento e as federações, na busca de soluções que possam retomar o crescimento do Estado, principalmente nesse momento de dificuldade."

Moradora de Resende, a deputada Ana Paula Rechuan (PMDB), que teve a ideia de botar a discussão em pauta, demonstrou preocupação com a situação dos municípios. Segundo ela, o número de desempregados na região provoca impactos no comércio e na rede pública de saúde. "Todas as empresas oferecem plano de saúde a seus funcionários e familiares, com o número alto de desempregos no setor, cresceu a procura pelo SUS. Além disso, muitos alunos migraram do ensino particular para o público", explicou.

A deputada disse ainda que o mercado de caminhões e ônibus foi o que acumulou maior queda no primeiro semestre desse ano. "O mercado de caminhões perdeu mais de 40% de vendas, o de ônibus chegou a 60% e o de carros, 21%." Segundo ela, é preciso que haja uma redução do IPVA nas compras e facilidade na obtenção de linhas de crédito.

Bilhete Único

Para o presidente da Fetranspor, Lelis Marcos Teixeira, uma das soluções seria a criação do Bilhete Único do Sul Fluminense. "Diminuiria os gastos das empresas e não teria impacto no orçamento. Em momento de crise, temos que apresentar propostas que não aumentem os gastos do governo. Uma das alternativas é estender o benefício para o sul do Estado, o que diminuiria os gastos das empresas com o transporte dos funcionários. O sistema também deve usar a biometria para diminuir as constantes fraudes”, disse.

Após a reunião, Rechuan decidiu enviar uma indicação legislativa ao governador, pedindo que o Bilhete Único seja estendido ao Sul do Estado. "Isso não acarretaria gastos para o Estado, sendo necessário apenas a implantação da biometria na região. Dessa forma, a indústria terá um gasto a menos com fretamento de veículos para levar os funcionários até a empresa, além de o bilhete favorecer o transporte entre municípios e favorecer a preservação dos empregos do setor", defendeu a parlamentar.

A superintendente nacional de Estratégia para Micro e Pequeno Empreendedorismo da Caixa Econômica Federal (CEF), Eugênia de Melo disse que a empresa vai oferecer condições especiais em linhas de crédito para capital de giro e investimento para socorrer a indústria automotiva e o setor de autopeças. "As agências da Caixa estão preparadas e de braços abertos para receber os representantes do setor. As condições especiais serão concedidas a empresas que se comprometerem a não demitir funcionários durante a crise atravessada pelo setor automotivo.".

O Sul Fluminense responde por 6,01 % dos cerca de 1,3 milhão de automóveis e caminhões produzidos no país até julho. O setor industrial já representa quase 50% do Produto Interno Bruto (PIB) da região e 26% do PIB do Estado. O Brasil é o oitavo maior produtor e quarto maior mercado consumidor mundial de automóveis. A produção de veículos acumulou queda de 18% no primeiro semestre, e o número de postos de trabalho ocupados na indústria no mês passado foi quase 10% menor do que o mesmo número do ano passado.

Caixa e BNDES tem disponíveis R$8 bilhões em crédito para setor

A Caixa Econômica Federal e o BNDES apresentaram suas linhas de crédito e opções de financiamento estimadas em R$ 8 bilhões para ajudar a retomada de crescimento do setor automotivo do sul fluminense.

Eugênia de Melo, superintendente da área de micro e pequenos empreendimentos da Caixa Econômica Federal (CEF),apresentou a linha de crédito da estatal que disponibiliza R$ 5 bilhões para empresas do setor através de convênio assinado em agosto. Segundo a superintendente, uma das novas linhas de crédito permite antecipação de contratos firmados entre fornecedor e montadora: “O fornecedor pode suprir a necessidade de capital de giro, antecipando os recebíveis. Como têm como garantia o contrato que já firmou com as montadoras, os juros são mais baixos.” Os juros serão reduzidos com uma taxa inicial de 1,41% ao mês e o prazo de acordo com o contrato. Bernardo Hauch, gerente do departamento de indústria metal mecânica e mobilidade do BNDES, destacou o plano de financiamento do banco em inovação do setor automotivo, estimado em R$ 3 bilhões. Hauch, porém, afirmou que incentivos em financiamento precisam vir acompanhados de medidas conjuntas para serem aproveitadas de fato: “Financiamento é um dos elos, mas que não vai responder por tudo. Não adianta zerar a taxa de juros e achar que o empresário, no dia seguinte, vai comprar um monte de caminhões. Se ele não tiver o que transportar, ele não vai comprar”.

O presidente do Cluster Automotivo, que reúne 25 empresas do setor na região, Wesley Custódio, acredita que o setor precisa retomar o crescimento na venda de veículos: “Uma alternativa seria a redução de IPVA para grupos alvos – taxistas e frentistas – com veículos comercializados por montadoras instaladas no Estado do Rio de Janeiro”. Custódio destacou a importância de redução de impostos para empresas que comprem veículos produzidos no estado do Rio. O custo e qualidade da energia fornecida também são fatores preocupantes, avalia: “Temos hoje um custo de energia elétrica extremamente alto. Só para se ter uma ideia, o megawatt no Brasil é o dobro da média dos países mais industrializados”

(Texto de Vanessa Schumacker e Vinicius Pereira)


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